MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
3ª. parte
Agora, poderemos levantar-nos e começar as nossas preces, como habitualmente.
Assim, inscreveremos o primeiro dia do ano de 1963 nos registos do Akasha Chronica, vivendo este dia em oração, em adoração, em amor e cantando.
E que Deus, clemente e misericordioso, se debruce sobre a Fraternidade e lhe dê todas as possibilidades de se dilatar, de projectar luz para o mundo inteiro, para que o Seu Reino se realize o mais depressa possível na terra, e que a paz e a harmonia se instalem finalmente, entre os humanos!
Se as pessoas, na maioria, estão demasiado tomadas com os seus assuntos ou demasiado ocupadas nas discotecas e nos cabarés, para desejarem e pedirem a realização do Reino de Deus na terra, que haja ao menos algumas que o façam!
Eis, pois, o trabalho a realizar este ano.
Em primeiro lugar, assumirdes este ideal, este objectivo sublime: realizar na terra o Reino de Deus e a Sua Justiça.
Depois, estardes sempre vigilantes, conscientes, a fim de vos observardes, de verdes se vos aproximais deste ideal ou se vos afastais dele.
Finalmente, o terceiro ponto que está subentendido: consagrardes todas as vossas forças e capacidades à realização desta tarefa.
O intelecto, o coração e a vontade estarão, então, empenhados na mesma direcção: o intelecto é sempre perspicaz, esclarecido, está sempre atento, vigilante, lúcido; o coração alimenta este alto ideal, deseja-o, ama-o e está sempre em comunicação com ele; e a vontade deita mãos à obra para servir simultaneamente o coração que deseja o que há de melhor, e o intelecto, que, como um guia, um conselheiro, um instrutor, vigia, esclarece e orienta.
Nestas condições, o espírito do homem triunfará sempre, sejam quais forem os obstáculos e as dificuldades; agora ou mais tarde, ele triunfará, porque estes três factores primordiais dispõem de elementos extremamente poderosos que nós ainda nem sequer conhecemos.
Se não obtiverdes os resultados que desejais é porque não implicastes totalmente estes três factores; não os pusestes todos de acordo, ligados entre si.
Cada um deles trabalha, mas por sua conta, sem relação com os outros, sem harmonia.
Se o intelecto compreendeu que é magnífico subir às alturas, atingir os cumes, fundir-se com o Criador, o coração, esse, muitas vezes tem as suas preferências, que vão numa direcção completamente diferente.
Por isso, deveis tentar chamá-lo à razão, orientá-lo, dirigi-lo.
É possível levar o coração a desejar o que o intelecto achou razoável, sábio e útil e, incitar a vontade a executá-lo.
Mas a maioria das pessoas nem se apercebem destas contradições, destas discórdias, destas guerras dentro de si; aceitam tudo como uma fatalidade cujas causas ignoram.
Elas ainda não encontraram um guia que as aconselhe a reunir estes três poderes - o intelecto, o coração e a vontade - e a orientá-los na mesma direcção.
Na realidade, o homem pode remediar todas as suas divisões interiores adoptando um ideal divino e desejando a qualquer preço segui-lo, alimentá-lo, acarinhá-lo, sustentá-lo, até que esse ideal se apodere dele, se instale, se concretize, se encarne nele, até ao ponto de acabar por se confundir com ele.
Todas as pessoas que vivem sem ideal, vêem as suas forças dispersarem-se rapidamente e desperdiçam por completo a sua existência.
Sabeis onde se encontra, muitas vezes, esta associação formidável, esta união inseparável entre o intelecto, o coração e a vontade para a realização de um ideal?
Nos criminosos.
Inconscientemente, eles conseguiram, como os Iniciados, unir estes três factores, mas com o objectivo de roubar, de matar, de destruir.
E, geralmente, entre estes criminosos e os Iniciados encontra-se uma multidão de pessoas sem verdadeira orientação, nas quais estes três factores estão desunidos ou em luta uns com os outros.
Está escrito no Apocalipse: «Sê frio ou quente!
Se fores morno, vomitar-te-ei pela minha boca.»
Estas palavras subentendem toda uma ciência.
«Sê frio ou quente» quer dizer: sê pelo bem ou pelo mal, mas não sejas indeterminado, indeciso; que o teu intelecto, o teu coração e a tua vontade realizem, pelo menos, algo em comum.
O Céu não gosta dos criminosos mas, pelo menos, eles são seres fortes, decididos, capazes, e o Céu aprecia estas qualidades.
Ainda que, de momento, estes seres pratiquem o mal. o Céu diz: «Aqueles, apanhá-los-emos ao virar da esquina.
Uma pequena rasteira e fá-los-emos mudar de direcção.
Uma vez que eles exercitam, há muito, a capacidade de associar o coração, o intelecto e a vontade, serão preciosos para nós e poderemos utilizá-los.»
Porque, da mesma maneira que eles tiveram ardor, espírito de decisão e vontade para roubar, destruir e exterminar, também os terão para praticar o bem.
Ao passo que os indecisos, os fracos, talvez não façam mal algum, mas também são incapazes de fazer bem, e o Céu coça a cabeça, sem saber o que lhes dar que fazer.
Neles, tudo é desordenado, não têm a mínima convicção, qualquer um pode influenciá-los; até a loja negra poderá servir-se deles.
São, pois, perigosos, e por isso está escrito que serão "vomitados", isto é, rejeitados.
Se algumas pessoas não conseguem obter qualquer realização interior ou mesmo exterior, é porque neles, estes três poderes - intelecto, coração e vontade - estão desunidos.
É exactamente como numa família: quando o pai segue numa direcção, a mãe noutra e os filhos numa terceira, o que é que acontece?
Esta família desagrega-se.
Pois bem, na família interior existem as mesmas leis: o pai, o intelecto, tem a sua opinião; a mãe, o coração, também tem a sua, completamente diferente; e a vontade, isto é, os filhos, que não têm qualquer direcção, fazem tolices, um pouco por toda a parte.
Vós estais numa Escola Iniciática para tomardes consciência de muitas verdades novas, a fim de reverdes a vossa vida, de a restabelecerdes, de a organizardes e de poderdes dar-lhe uma direcção divina.
Fazei uma experiência: restabelecei a ordem em vós próprios, no vosso intelecto, no vosso coração e na vossa vontade, ligai estes três factores e dirigi-os para um mesmo objectivo: a realização da vontade de Deus.
Vereis como a vossa vida se modificará.
Isto não quer dizer que nunca mais sereis sacudidos por tornados ou tremores de terra; não, enquanto viverdes na terra recebereis abanões, mas estes passarão depressa e já não deixarão marcas como no passado.
O edifício aguentar-se-á porque estará construído com materiais resistentes.
Ao passo que antes, ao menor choque tudo se desmoronava.
Não vos faço grandes promessas; não vos digo que, ao entrardes para o Ensinamento tereis todas as riquezas, todas as glórias e a amizade de todos os príncipes.
A única coisa que posso dizer-vos é que, se conseguirdes dirigir o intelecto, o coração e a vontade para um mesmo objectivo, haverá uma modificação na vossa consciência.
Inicialmente, esta modificação será minúscula, mas conterá o Céu e a Terra.
Lembrai-vos do que disse Jesus acreca do grão de mostarda: «É a mais pequena de todas as sementes mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se mesmo numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigarem-se nos seus ramos.»
O que conta não é, pois, a grandeza ou a pequenez do grão mas o seu vigor.
Podereis interpretar o grão de mostarda como um pensamento ou um sentimento que, aparentemente, são imperceptíveis, mas que, se forem intensos e lhes derdes condições adequadas, poderão ocasionar realizações gigantescas.
Sem comentários:
Enviar um comentário