Mas, para captar do ar os elementos subtis que ele contém, é necessário não apenas reter o ar inspirado, mas também conduzi-lo lentamente da parte inferior dos pulmões para cima.
Aí, ele exerce então uma pressão sobre as células dos lobos superiores, que estão preparadas para um trabalho completamente diferente do dos lobos inferiores.
A ciência verificará mais tarde estas realidades, pois todas as células do organismo
, mesmo no interior dum mesmo órgão, são diferenciadas, especializadas, e estão distribuídas em função das suas tarefas.
As células situadas na parte inferior dos pulmões são destinadas a absorver o ar de um modo completamente diferente do daquelas que se encontram em cima.
Por isso, é tão prejudicial para a saúde respirar superficialmente como engolir comida sem a mastigar.
Aqueles que têm uma respiração profunda alimentam-se verdadeiramente, ao passo que os que respiram superficialmente mantém-se vivos, mas não se alimentam.
Para nos fazer compreender melhor a importância da respiração, o Mestre Peter Deunov recordou-nos um dia o episódio bíblico do combate de Jacob com o Anjo.
Depois de ter vencido Jacob, o Anjo disse-lhe: «Deixa-me ir, pois a aurora está a despontar.»
Mas Jacob respondeu: «Só te deixarei ir quando me tiveres abençoado.»
E o Mestre explicou: «Ora bem, vós deveis fazer a mesma coisa com o ar: recebei-o, enchei com ele os vossos pulmões e não o deiteis fora enquanto ele não vos tiver concedido todos os benefícios que transporta...»
Vós pensais que foi uma violência da parte de Jacob?
Não, é uma atitude de zelo, um ardor espiritual, e nós devemos fazer a mesma coisa.
Enquanto o ar não nos tiver dado todas as bençãos que contém, não deveis deixá-lo sair.
É o segredo da plenitude.
E nós, ao irmos contemplar o nascer do Sol, é para recebermos a sua luz como recebemos os alimentos, a água e o ar.
Nós dirigimos a nossa atenção para os raios solares e até lhes falamos: «Ó raios luminosos, penetrai em nós, afastai de nós as nuvens, sobre as quais só a vossa luz pode agir.»
E a luz penetra em nós por uns canaizinhos muito pequeninos, produzindo em todo o nosso ser vibrações mais intensas.
Evidentemente, ela pode fazer este trabalho sobre nós sem termos consciência disso, mas se estivermos atentos e cheios de boa vontade para participar no seu trabalho, os resultados serão ainda melhores.
Ao assistirdes ao nascer do Sol, procurai impregnar-vos conscientemente da sua luz, do seu calor, com a convicção de que algo cresce e se desenvolve no vosso interior: ao fim de pouco tempo, sentireis vibrar em vós forças novas.
Mas voltemos à respiração.
Certos exercícios feitos regularmente melhoram a saúde.
Existe para cada pessoa um método e um ritmo particular que ela deve descobrir escutando o seu médico interior.
Porque todos nós temos um médico interior e aqueles que não o escutam serão forçados a recorrer um dia aos médicos exteriores.
Escutai o vosso médico interior; ele indicar-vos-á como respirar, quantas vezes por dia e em que momentos fazer esses exercícios, pois isso difere de pessoa para pessoa e cada um deve encontrar o seu próprio ritmo.
Respirai lentamente, ritmicamente, focalizando toda a vossa atenção nesse ar que penetra em vós.
Pensai que ele é portador de elementos benéficos que contribuirão para a vossa saúde.
Alguém dirá: «Oh, há anos que faço exercícios de respiração todos os dias, mas sem resultados.»
O que é que uma tal pessoa sabe deste assunto?
Ela talvez não esteja de perfeita saúde, mas em que estado estaria se não tivesse feito esses exercícios?
E, além disso, tem uma pessoa a certeza de, durante os exercícios, ter concentrado o seu pensamento na cura desejada?
Não terá ela pensado nas compras que iria fazer à tarde, ou na sua última discussão com a mulher ou o patrão?
Nessas circunstâncias, nenhum resultado é possível.
Durante os exercícios de respiração, deve-se deixar de lado todas as preocupações da vida quotidiana, não admitir qualquer dispersão, e fazer este trabalho com toda a concentração, com toda a fé.
A fé é um sentimento divino que desperta no homem forças de pensamento e de acção de que ele não faz ideia, por isso ela está na base de todas as curas.
Mesmo que não seja ela a produzir a cura, é a condição essencial para que esta aconteça.
Continua
MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
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