domingo, 16 de dezembro de 2018

O SEGUNDO NASCIMENTO (Continuação III)

...
Os verdadeiros saturnianos são aqueles que sabem escutar a voz de Deus.
Dir-me-eis: «Mas como é que se manifesta a voz de Deus?
Como podemos escutá-la?»
Quando o profeta Elias fugia da raínha Jezabel, escondeu-se durante muitos dias no deserto, e a voz de Deus manifestou-se finalmente nele.
Houve, inicialmente, um vento violento que rasgou as montanhas e quebrou as rochas, mas Deus não estava no vento.
Em seguida, houve um tremor de terra, mas Deus não estava no tremor de terra...
Houve um incêndio, mas Deus não estava no fogo.
Finalmente, depois do fogo,houve um murmúrio doce e leve e Deus estava nesse murmúrio.
Como vedes, Deus não estava na tempestade nem no tremor de terra, nem no fogo,
 mas sim num murmúrio.
A voz de Deus não faz barulho e, por isso, é necessário estar muito atento para a ouvir.

Também o profeta Jonas ouvira a voz de Deus que lhe dissera: «Ergue-te, vai a Nínive, a grande cidade, e prega contra ela, pois a sua maldade subiu até mim.»
Mas Jonas, em vez de obedecer, embarcou num navio que rumava para Társis.
Porém, quando ele estava no mar, levantou-se uma grande tempestade.
Ficaram todos atemorizados e decidiram tirar à sorte para se saber quem é que atraía
 aquela tempestade.
A sorte designou Jonas, e atiraram-no à água.
Ele foi engolido por uma baleia e ficou três dias no seu ventre.
Aí, reflectiu e compreendeu que devia submeter-se ao Eterno.
Então, foi vomitado pela baleia e salvo...
Tal como Jonas, quando não queremos cumprir aquilo que a voz de Deus nos pede, encontramos baleias e ficamos vários dias no seu ventre.
Quantas baleias não encontramos nós na vida!...
Baleias de todos os tamanhos e de todas as cores...
Se estivéssemos mais atentos, se soubéssemos discernir, veríamos que, antes de cada empreendimento importante na nossa vida - uma viagem, um trabalho, uma decisão a tomar -, há dentro de nós uma voz doce que nos fala, mas nós não a escutamos.
Como gostamos da algazarra e das tempestades, para podermos ouvir o ser que nos fala, ele tem de fazer imenso barulho.
Se ele fala suavemente, não o ouvimos.

No entanto, devemos saber que, quando os seres superiores nos falam, apenas nos dizem algumas palavras e com uma voz quase imperceptível.
Quanso, devido a um erro da nossa parte, nos acontece uma infelicidade, pensamos: «Sim, é verdade, houve algo em mim que me avisou, mas tão baixinho, tão baixinho...»
Nós não ouvimos porque preferimos seguir as vozes que nos falam muito e bastante alto,
 para nos induzir em erro.
Deus fala suavemente e sem insistência; diz as coisas uma vez, duas vezes, três vezes, e depois pára.
A intuição não insiste mais e, se nós não escutarmos atentamente, se não distinguirmos essa voz, porque gostamos do barulho, da violência e das tempestades, andaremos sempre desencaminhados.
A voz do Céu é extremamente suave, terna, melodiosa e breve.
Aqueles que querem o nosso bem, que são enviados por Deus, manifestam-se de três maneiras:
por uma luz que fazem nascer em nós;
por uma dilatação, um calor, um amor que sentimos no nosso coração e, finalmente,
por uma sensação de liberdade que sentimos e pela decisão de realizarmos actos nobres e desinteressados.

Ficai sabendo que alguém que puder iluminar o vosso espírito, aquecer o vosso coração e libertar a vossa vontade, quer seja rico ou pobre, sábio ou ignorante, é um enviado de Deus.
Ao passo que quem fizer com que em vós tudo fique baralhado, quem vos contrair o coração e vos tirar o gosto por praticar acções belas e sensatas, é alguém de quem deveis desconfiar,
 fugir, afastar-vos!
Mesmo que seja o mais erudito, o mais célebre ou o mais glorioso dos homens, será um desastre para vós; por intermédio dele, virão até vós todas as infelicidades.

 Págs. 86 a 90
MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


 

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