sábado, 15 de dezembro de 2018

O SEGUNDO NASCIMENTO (Continuação - II)

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Os aspectos essenciais são os seguintes: o trígono, o sextil, o semi-sextil, a conjunção: a oposição, a quadratura e a semi-quadratura.
O trígono (aspecto de 120º), o sextil (aspecto de 60º) e o semi-sextil (aspecto de 30º) são considerados como harmoniosos e favoráveis.
A oposição (aspecto de 180º), a quadratura (aspecto de 90º) e a semi-quadratura (aspecto de 45º) são considerados como dissonantes e desfavoráveis.
A conjunção, que acontece quando o afastamento entre os planetas é inferior a 10º, também é considerada como muito poderosa e significativa; é favorável ou desfavorável, consoante a natureza dos planetas conjuntos.

Nos aspectos, podemos encontrar igualmente a intensidade, a altura e o timbre.
Consideremos um aspecto: o seu timbre depende dos dois planetas que o formam, a sua altura depende dos dois signos do zodíaco onde os planetas se encontram e a sua intensidade depende das casas onde ele ocorre.
Hoje, a minha tarefa não é explicar-vos a astrologia, mas pôr algumas chaves à vossa disposição.
Anda-se sempre a falar da harmonia celeste, sem se saber que estas leis fundamentais estão inscritas nos ouvidos, no aparelho de Corti.
Tal como eu já vos disse, a qualidade essencial de Saturno é o discernimento.
O sábio sabe discernir as coisas - a intensidade, a altura e o timbre -, sabe discernir o lobo dos cordeiros, as abelhas das vespas, as nascentes dos pântanos, o espiritual do material.
É nisso que consiste a sabedoria: saber discernir cada coisa e a todo o momento.
O órgão do discernimento a que eu me refiro é o terceiro ouvido.
 Sim, tal como existe um terceiro olho, do qual já vos falei, também há um terceiro ouvido, que os Iniciados e os clariaudientes souberam desenvolver.
Este terceiro ouvido encontra-se na garganta, ao nível da glândula tiroide.
Para o desenvolver, é necessário saber viver em silêncio.
No passado, os Iniciados, os ascetas, os eremitas, iam viver em solidão, para escutarem a voz interior.
Tal como Saturno, ficavam sós para ouvir...
Se quereis ouvir a voz interior, entrai em vós mesmos e escutai-a.

Pode distinguir-se uma pessoa sábia de outra que o não é, apenas pela sua maneira de escutar.
Escutar é uma grande ciência.
Todos nós julgamos que sabemos escutar; não.
Existem muito poucos seres que sabem escutar, e esses são os verdadeiros saturnianos.
Falam pouco e escutam.

Eu disse que devíamos saber discernir os lobos dos cordeiros, as vespas das abelhas...
Mas por vezes, preferimos a intensidade à altura, e dizemos: «É um lobo, isso é verdade, mas é poderoso» e capitulamos perante esse lobo.
Os cordeiros são fracos, é certo,  mas são mais evoluídos do que os lobos.
Para os lobos, a perspectiva do futuro não é boa.
Não lhes preparam casa nem comida, toda a gente pensa em persegui-los e matá-los.
Os cordeiros, pelo contrário, têm um bom futuro, porque sabem dar, e as abelhas também.
Quem é avarento não recebe nada.
Era uma vez um grande avarento que tinha ido parar ao inferno, mas os anjos tiveram piedade dele e quiseram fazer qualquer coisa para o salvar.
Foram ter com S. Pedro que consultou o seu calhamaço, para ver se o avarento teria feito alguma coisa de bom na vida.
Depois de muito procurar, descobriu que, um dia, ele dera um rabanete negro a um pobre.
Isso era suficiente para se tentar salvá-lo.
Foram então, buscar o rabanete e suspenderam-no por uma corda, para o fazer descer ao inferno, junto do avarento.
Este, ao vê-lo, pegou-lhe com as duas mãos.
S.Pedro e os anjos puseram-se de imediato a puxar a corda e ergueram o avarento, que estava agarrado ao seu rabanete com unhas e dentes.
Estava ele já suspenso no ar, quando os seus companheiros de inferno, vendo-o escapar-se por aquele meio, se agarraram a ele, para também serem salvos...
Mas o avarento, vendo que os outros iam beneficiar juntamente com ele do inesperado socorro,
 pôs-se a gritar: «Larguem-me as pernas, este rabanete é meu!...»
De imediato a corda partiu-se e caíram todos no inferno.
Como vedes, não devemos falar daquela maneira e dizer: «Isto pertence-me... É meu...»,
porque caímos de novo no inferno.

Continua

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