quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A HARMONIA


COMO O  PENSAMENTO  SE  REALIZA  NA  MATÉRIA

Capítulo VI  (parte)


É assim o poder do pensamento!
Deste modo, podeis construir tudo, realizar tudo instantaneamente, nas regiões subtis, mas não na matéria.
Quereis castelos, parques, jardins, carros, mulheres dançando, aves cantando?...
Eles surgirão de imediato.
Se fosseis um pouco mais clarividentes, já poderíeis vê-los, pois são uma realidade.
Vós dizeis: «Mas não há nada aqui, não toco em nada!»
Ah, isso é outra conversa!
Para que eles possam ser materializados, talvez sejam necessários séculos.
É assim que se deve compreender esta questão e usar estas verdades para fazer todo o tipo de experiências.
Por exemplo: sopra um vento muito desagradável.
Pronunciais algumas palavras para o abrandar, dizendo-lhe:«Como és gentil, como és doce!...
Tu não és mau, pelo contrário, causas-me prazer.»
E, alguns minutos depois... Bom!
É evidente que não foi o vento que mudou, fostes vós.
Houve algo em vós que se transformou e o vento tornou-se semelhante a uma carícia; mas é preciso saber pronunciar as palavras, e as pessoas esquecem-se de as pronunciar para se sugestionarem.
Vós direis: «Mas, quando as pessoas se sugestionam, isso é tudo enganos, ilusões.»
Ah, não!
São criações.
As sugestões são criações subtis; captou-se qualquer coisa com as antenas e as antenas transmitem isso à epiderme ou às papilas, isto é, às células sensíveis.
É deste modo que muitas pessoas podem ser sugestionadas, mesmo pessoas normais.
Tem-se sugestionado pessoas, muitas vezes, é incrível!
Sim, pessoas em grande número.
Um homem que tem um pensamento forte e um cérebro poderoso diz certas coisas e toda a gente começa a senti-las.
Tem havido na História muitos casos assim!
De qualquer maneira, não vos aconselho a exercitardes o poder do vosso pensamento sobre a matéria.
Trabalhai com o poder do pensamento, mas interiormente, no domínio subtil, invisível.
Aí, tereis sempre resultados...
E depois enchei-vos de paciência e esperai que o mundo inteiro se transforme.
Ele será obrigado a transformar-se.
Se alguns seres já se transformaram, por que não o mundo inteiro?
É um processo mecânico, automático.
A minha fé e a minha confiança não estão assentes no vazio, em ilusões, mas sim numa ciência.
Tudo aquilo em que acredito, tudo aquilo que espero, tudo aquilo que faço, está assente num saber, e vós podeis assimilar tranquilamente este saber.
Se não tendes resultados, não deveis dizer que tudo o que vos foi ensinado é mentira, mas sim fazer uma nova revisão às vossas instalações, para verificardes se não há um defeito algures.
Não conseguireis que o vosso carro funcione se tiverdes retirado certas peças, mesmo que sejam pequeninas; e, se existem sujidades dentro do vosso relógio, é preciso mandá-lo limpar.
Portanto, se qualquer coisa não funciona em vós, a culpa não é da ciência, mas do vosso saber, que é incompleto.
Como eu costumo dizer: não é a astrologia que se engana, são os astrólogos.
Por que é que hoje nós meditámos um pouco mais?
Porque, como já vos disse, havia boas condições.
As boas condições podem vir tanto do mundo exterior, como de vós próprios.
Por vezes, estais mais unidos, mais ligados entre vós, mais desejosos de criar o entendimento, a harmonia, a unidade.
Quando as condições são favoráveis, forma-se algo maravilhoso no seio da Fraternidade e então temos todas as possibilidades de criar.
São estas as verdadeiras criações, caros irmãos e irmãs.
Não as vedes?
Não tem importância; não deveis ficar muito presos à questão de ver ou não ver.
É preciso saber que se trata de realidades, nada mais, e, graças à vossa fé nessas realidades, ajudareis essas criações a encarnarem-se muito mais depressa na matéria.
Sim, se conhecerdes bem todas estas verdades, podereis facilitar o trabalho da Fraternidade, o trabalho que, um dia, todos devereis executar plenamente, conscientemente.
Vós direis: «Mas, então, por que é que ainda não realizámos nada?»
Porque não estais preparados, os intermediários ainda não estão "no ponto", ainda não trabalhastes suficientemente para os aprontar.
Ainda nem sequer os conheceis!
Então, como podereis trabalhar com o que ainda não conheceis?
Mas, como agora conheceis a sua existência e a sua importância, com uma fé plena conseguireis agir sobre esses intermediários, e depois, todos juntos, lançar-nos-emos em criações fantásticas.
Nós já conseguimos realizar essas criações, mas elas ainda são híbridas, ainda são débeis e instáveis, porque os pais e as mães que as fabricaram não estavam muito convencidos nem muito conscientes: então, uma parte passeia-se por aqui outra arrasta-se por ali...
Ter filhos belos vigorosos e robustos é algo que depende apenas dos pais.
Em certos dias, estais mais conscientes, mais sintonizados com estas ideias, mais decididos a harmonizar-vos com elas, como se dissésseis: «Bem, hoje pode ser assim, deixo-me levar...
Mas, amanhã, veremos.»
Sim! Por vezes, sois muito gentis, estais em conformidade com as ideias da Fraternidade, mas pensando: «Hoje faço uma pequena concessão, mas amanhã será diferente.»
Não, de agora em diante, não devereis agir assim!
Pode dizer-se ainda muita coisa acerca das antenas.
Elas servem para receber as ondas, as vibrações, e transmiti-las a outros aparelhos.
Esta questão é muito importante.
Sim, se o homem soubesse orientar-se com a ajuda das suas antenas espirituais!...
As antenas materiais não se mexem, estão sempre na mesma, não esticam nem encolhem, ao passo que as antenas espirituais são móveis, extremamente móveis e elásticas, o homem pode esticá-las e encolhê-las como os corninhos do caracol, que são antenas, mas servem de olhos.
O homem tem umas antenas semelhantes; são comparáveis a um diapasão que, segundo a dimensão das suas hastes, vibra nos comprimentos de onda com os quais entra em ressonância, isto é, em afinidade.
Podeis até fazer uma experiência: colocai em diversos suportes, diapasões de diferentes comprimentos e tocai no piano notas diferentes: dó... mi... lá...
Aperceber-vos-eis de que ora é um diapasão que responde, ora é outro...
O que estiver em perfeita afinidade com a onda que chega até ele, começa a vibrar.
É um médium.
Aliás, os médiuns são isto mesmo; diapasões que captam diferentes comprimentos de onda.
O homem possui diapasões que esticam ou encolhem.
Se ele quiser captar as ondas do Céu, deve encurtar o diapasão; quanto mais comprido ele for, mais receberá as ondas de baixo, até comunicar com o mundo infernal.
O homem pode esticar ou encolher as suas antenas porque elas são vivas.
Depende do homem pôr-se em contacto com este ou aquele comprimento de onda e vibrar em sintonia com ele, consoante a extensão das suas antenas.
Eu digo "esticar" ou "encolher" as suas antenas, mas isto é uma maneira de falar; podemos usar outras expressões que também signifiquem que o homem se materializa ou se espiritualiza.
Quanto mais ele se materializa, mais comunicações recebe das regiões inferiores;
quanto mais se afina e espiritualiza, mais intensa se torna a sua vida e mais ele capta as ondas do Céu.
Isto depende dele, pois, interiormente, tem todas as possibilidades.
Eis um trabalho magnífico para aqueles que querem tornar-se criadores!
Tendes perante vós um imenso campo para executardes múltiplos trabalhos.
Se fordes evoluídos, orientareis as vossas antenas de modo a captar tudo o que há de mais fino, de mais delicado.
Mas, se não fordes bastante evoluídos, entrareis em comunicação, evidentemente, com os habitantes das regiões mais inferiores.
E aí, ai de vós!
É o que se passa na maioria dos casos: aqueles que não querem evoluir, elevar-se, aperfeiçoar-se, recebem sempre comunicações de regiões muito baixas e têm obsessões, alucinações, das quais, depois, não conseguem livrar-se.
As clínicas e os hospitais estão cheios de pessoas que, tendo faculdades auditivas ou visuais muito desenvolvidas, são presa de toda a espécie de fantasmas.
Para conseguirem livrar-se disso, curar-se, só têm um caminho: subir, para se ligarem às regiões mais elevadas.
Porquê?
Porque, quanto mais vos elevardes às regiões superiores, mais os seus habitantes serão inteligentes, bons, cheios de amor, harmoniosos, luminosos.
Cada contacto que conseguis estabelecer com os Anjos, os Arcanjos, as Divindades, é sempre uma bênção, porque tereis a sua amizade e recebereis a sua luz.
Mas, se fordes sempre preguiçosos, se não quiserdes ligar-vos a essa perfeição, se não quiserdes aprender nem desenvolver-vos, ficareis para sempre em comunicação com as regiões inferiores e pagareis isso muito caro.
Em certos dias, transbordareis de felicidade e direis: «Tenho medo! Estou tão feliz e dilatado que acho que vou rebentar!...
Compreendo tudo, sinto tudo.
É formidável! tudo canta.»
Noutros dias, estais em estados pavorosos.
É terrível, estais desfeitos.
Pois é, a comunicação que recebestes não era a mesma, porque vos ligastes a outra região.
Não me refiro à causa...
Sei muito bem que o vosso estado pode ser devido a todo o tipo de circunstâncias: alguém vos fez mal, etc...
Mas não vou ocupar-me disso, só me refiro à comunicação e digo que houve comunicação com entidades que eram menos inteligentes, que tinham menos bondade e menos amor.
Se fordes a lugares pantanosos onde pululam mosquitos ou a florestas cheias de feras e répteis, é evidente que sofrereis, sentir-vos-eis martirizados só pela presença desses animais.
Mas, quando chegais a outras regiões e ficais entre seres acolhedores e compreensivos que vos recebem, que vos dão de comer e beber, é magnífico!
É preciso, pois, evitar as comunicações com regiões inferiores e ligar-se sempre ao Céu.
Para terminar, volto à questão da realização do pensamento.
Não tenteis atingir a matéria com o pensamento, pois não conseguireis.
O pensamento serve sobretudo para conhecer, para haver orientação, mas não pode agir sobre a matéria se o coração não interferir.
Enquanto o desejo e o sentimento não estiverem despertos em vós, nada fareis; mas, assim que o sentimento desperta, tudo muda.
Acima de tudo, fixai que o mecanismo da nossa vida psíquica está reflectido na imagem do Sol que só pode agir sobre a terra e moldá-la por intermédio do ar e da água.
Se conseguirdes compreender estes processos, tornar-vos-eis capazes de fazer maravilhas.
Toda a ciência da magia branca, da teurgia está contida nesta imagem dos quatro elementos:
o Sol, o ar, a água e a terra.


Sèvres, 13 de Maio de 1962


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