Capítulo XIII (Continuação)
Todos aqueles que conhecem bem a natureza das suas actividades dizem, a propósito de certos obstáculos: «Pois é, são ossos do ofício», e isso não os impede de continuar.
Todas as pessoas sabem que cada "ofício" tem os seus "ossos".
E por que é que os espiritualistas não conhecem os ossos do seu ofício?
Se eles desanimam, se querem abandonar tudo, isso prova que não compreenderam os ossos do seu ofício; se os conhecessem à partida, teriam continuado ainda com mais ardor.
Quando estais desanimados, deveis ser capazes de ganhar novo ânimo por causa desse desânimo!
Eu vejo que não conseguis compreender-me.
Contudo, é esta a verdadeira alquimia, a pedra filosofal.
Portanto, deveis habituar-vos a ir todos os dias muito alto através do pensamento.
Sim, muito alto, até ao Trono de Deus...
O facto de não obterdes resultados imediatamente não significa que não tenha ocorrido nada.
Devido à opacidade da matéria que vos envolve, ainda não conseguis sentir a mínima mudança.
Não sentis nada, não vedes nada e julgais que não há nada.
Mas há, há alguma coisa: à medida que fizerdes esforços, o caminho abrir-se-á perante vós, restabelecer-se-á uma ponte entre vós e as regiões celestes e, um dia, bastará que vos concentreis durante alguns minutos para sentirdes de imediato a alegria, a felicidade e a força.
Nenhuma prática espiritual ultrapassa o hábito de se concentrar na imagem do cume, Deus.
Evidentemente, os cristãos não aprenderam a procurar o Ser mais sublime, eles dirigem-se aos santos, aos profetas, e não ousam ir mais longe.
Ligar-se aos santos, aos apóstolos, aos mártires, está muito certo, evidentemente; mas é melhor, muito melhor, adquirir o hábito de se concentrar no ponto mais elevado, no cume.
Nesse momento, conseguireis desencadear certas forças, um movimento: desse cume serão então dadas ordens a vosso respeito, e aqueles que as executam podem ser Iniciados, santos, profetas ou pessoas do vosso meio, ou ainda animais, aves...
Sim, a execução pode ocorrer através dos animais ou mesmo dos espíritos da Natureza,
dos quatro elementos.
Algumas pessoas dirão: «Demora-se muito tempo a chegar ao cume, é muito difícil, não é prático.
Eu prefiro rezar a Santa Teresinha, ou a Santo António, porque perdi uma coisa e ele vai ajudar-me a encontrá-la.»
É claro que podeis fazê-lo, mas isso não impede que vos concentreis também no topo, no Senhor.
Porquê?
Porque Ele dirige tudo, é d'Ele que tudo depende.
A Ciência Iniciática explica-nos que nós somos construídos como o Universo: também temos um cume, ou um centro - é a mesma coisa -, e esse centro, que representa o Senhor, é o Eu Superior.
Portanto, quando vos concentrais no cume do Universo, no Senhor, quando orais a Ele e Lhe dirigis súplicas, conseguis tocar esse cume do vosso ser; isso desencadeia vibrações tão puras e subtis que, ao propagarem-se, elas produzem em vós transformações extremamente benéficas.
Então, mesmo que o vosso pedido não seja satisfeito, vós ganhais um elemento espiritual.
É verdade; muitas vezes vós não sois atendidos porque, na opinião da Inteligência Cósmica, aquilo que pedis pode fazer-vos mais mal do que bem, e ela recusa concedê-lo.
Mas a utilidade desse pedido está no facto de terdes alcançado o cume que está em vós mesmos e de terdes desencadeado a mais elevada das forças que, ao propagar-se, produz sons, perfumes e cores, e influencia todas as vossas células, todas as entidades que habitam em vós.
Desta maneira conseguireis adquirir elementos extremamente preciosos.
Para se obter verdadeiras realizações é necessário tocar o centro, o ponto que organiza tudo, que ordena tudo.
Tomemos um exemplo: vós tendes uma fraca posição social, sois desconhecidos e, portanto, não podeis mudar em nada o destino do país.
Para poderdes mudar alguma coisa, deveis ir ao centro, lá onde está o presidente ou o rei.
Nesse momento, tereis todo o poder sobre o país, porque chegastes ao centro.
Se permanecerdes algures na periferia, ninguém vos obedecerá.
Portanto, as pessoas que só tratam dos seus assuntos na periferia, nunca poderão mudar o destino do seu país, nem para bem... nem para mal (o que, evidentemente, é preferível).
Encontramos a mesma lei no mundo interior.
Enquanto não vos encontrardes no cume, podereis obter algumas coisitas, é claro, mas o essencial não dependerá de vós.
Mas se estiverdes no centro podereis transformar o mundo inteiro, pois esse centro dar-vos-á todas as possibilidades, tudo dependerá de vós.
Estais a ver por que é que as pessoas verdadeiramente inteligentes não se ocupam com realizações passageiras e fúteis?...
Elas trabalham e dirigem-se para o cume sem se preocuparem com o tempo que demorarão a lá chegar, mesmo que sejam séculos.
Um único ser pode mudar o destino do mundo, mas na condição de ter conseguido alcançar o cume.
Quando chegardes a esse cume que existe em vós, tereis os mesmos poderes que o Senhor e ninguém poderá resistir-vos.
Sim, e através de tudo o que existe no mundo eu posso provar-vos que a Inteligência Cósmica arranjou as coisas de modo a que a verdadeira força e o verdadeiro poder só se encontrem no cume.
Se duvidais disto é porque, na realidade, não compreendestes nada, e a quem não compreende nada só lhe resta sofrer.
Eu não desejo isso, pelo contrário, faço votos para nunca vos ver sofrer.
Mas, quando não se compreende grande coisa, é impossível não sofrer.
O sofrimento surge para obrigar os humanos a compreender...
Ele é, portanto, uma bênção!
Agora vou revelar-vos uma das verdades mais essenciais que é preciso conhecer (todos os Mestres a ensinaram e a Ciência Iniciática sublinha-a): cada um irá viver um dia na região para onde dirigiu os seus pensamentos.
Portanto, quando partirdes deste mundo ireis para região correspondente aos vossos pensamentos.
Se esses pensamentos eram elevados, ireis para a região mais sublime e, inversamente, se os vossos pensamentos eram dirigidos para o Inferno, ireis parar ao Inferno.
Eis a maior das verdades!
Portanto, se pedirdes apenas a inteligência, o amor ou a beleza, estai absolutamente seguros de que nenhuma força da Natureza poderá impedir-vos de habitar nessa região predilecta, a região a que correspondiam os vossos pensamentos e os vossos desejos.
