A Natureza dispôs por toda a parte meios para se penetrar nestes mistérios.
De certeza que, se os filósofos praticassem uma respiração consciente, encontrariam a solução de certos problemas que para eles ainda são enigmas e sobre os quais, por enquanto, continuam a falar e a escrever sem compreenderem grande coisa a esse respeito.
Aliás, a capacidade de pensar está ligada à respiração.
Naqueles que respiram mal, o cérebro vai perdendo capacidades.
Aqueles que compreenderam o significado profundo da respiração sentem, pouco a pouco, a sua própria respiração fundir-se na respiração de Deus.
Porque Deus também respira: Ele expira e o mundo aparece, Ele inspira e o mundo desaparece.
Evidentemente, as inspirações e as expirações de Deus prolongam-se por biliões e biliões de anos.
É o que dizem os Livros sagrados da Índia: um dia, Deus inspirará e este Universo será engolido e regressará ao nada...
Depois, Deus expirará de novo e uma nova Criação aparecerá para durar mais uns biliões de anos.
Através do homem, Deus respira mais rapidamente, mas no Cosmos as suas respirações são muito prolongadas.
Portanto, quanto mais lento é o nosso ritmo respiratório, mais nos aproximamos da
respiração de Deus.
A ciência da respiração desenvolveu-se particularmente na Índia, há milénios, com técnicas por vezes bastante complexas.
Esta ciência é tão vasta que seriam necessários anos, séculos, para a estudar.
Os yoguis, os ascetas, compreenderam a importância da respiração, não apenas para a vitalidade, mas também para o funcionamento do pensamento, pois eles foram muito longe nas suas pesquisas e conseguiram compreender que todos os ritmos do nosso organismo se baseiam no ritmo cósmico.
Ao estudarem a respiração e as suas ligações com os ritmos do Universo, os Iniciados descobriram que, para poderem comunicar com uma dada entidade ou uma dada região do mundo espiritual, é preciso encontrar um certo ritmo, apropriar-se desse ritmo como de uma chave, tal como se faz quando se procura um determinado comprimento de onda para captar uma emissão de rádio.
O comprimento de onda é um factor muito importante para se estabelecer comunicação com esta ou aquela estação emissora.
Pois bem, acontece o mesmo com a respiração: é preciso saber qual o ritmo a que se deve respirar para se entrar em contacto com uma determinada região do Universo.
Mas eu não vos aconselho, evidentemente, a aventurardes-vos em exercícios complicados, vós não sois yoguis hindus, e se não fordes prudentes e sensatos correreis o risco de vos desequilibrardes, de arruinardes a vossa saúde, como já aconteceu a muita gente.
Os exercícios de respiração que praticamos na nossa Escola são muito simples.
Ei-los:
1. Tapais a narina esquerda e aspirais o ar profundamente pela narina direita, contando quatro tempos
2. Retendes a respiração durante dezasseis tempos.
3. Tapais a narina direita e expirais pela narina esquerda, contando oito tempos.
E recomeçais o exercício de modo inverso:
1. Tapais a narina direita e aspirais o ar profundamente pela narina esquerda, contando quatro tempos
2. Retendes a respiração durante dezasseis tempos.
3. Tapais a narina esquerda e expirais pela narina direita, contando oito tempos.
O exercício é repetido seis vezes para cada narina.
Quando fizerdes este exercício facilmente, podereis dobrar os tempos, isto é; oito, trinta e dois, dezasseis, mas não vos aconselho a ir mais longe.
Na vida de um espiritualista, a respiração deve desempenhar um papel capital, por isso ele deve organizar o seu tempo de maneira a poder fazer estes exercícios todas as manhãs em jejum.
Depois do pequeno almoço já não é a mesma coisa, os pulmões são perturbados nos seus movimentos e até é nocivo.
Os exercícios de respiração devem ser feitos sempre em jejum ou então quatro ou cinco horas depois de se ter comido.
Acrescentarei ainda que, quando fazeis uma inspiração profunda - desta vez com as duas narinas -,
não deveis inspirar o ar bruscamente, inspirai sempre lenta e demoradamente, mas depois, para expirar, podeis projectar o ar rapidamente e com força.
Continua
MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
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