segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

PODERES DO PENSAMENTO





I Capítulo -  "A realidade do trabalho espiritual"
                    (págs. 27 a 33)

Continuação

Portanto, não espereis para começar o trabalho espiritual, o trabalho do pensamento, pois será graças a ele que encontrareis as melhores soluções para todos os problemas com que ireis deparar-vos.
Não conteis com mais nada.
Enquanto não puserdes este trabalho em primeiro lugar, só tereis decepções, não conhecereis nem a satisfação nem a plenitude.
Se interrogardes os cristãos, eles dir-vos-ão que contam com o Senhor, com a Providência.
Mas então por que é que eles estão sempre doentes, infelizes, na miséria?
Por que é que o Bom Deus não vem curá-los e fazê-los felizes?
Simplesmente porque não pode; Ele não pode ajudá-los porque eles não plantaram nada, não semearam nada que desse às forças do Universo um motivo suficiente para agirem.
Eles que lancem uma semente à terra e depois observem como a chuva e o sol vêm fazê-la crescer...
Sim, lançai uma semente à terra - simbolicamente falando - e todas as forças do Céu e da terra estarão convosco, podereis contar com elas para obter resultados.
O trabalho do pensamento é a única coisa em que acredito; ele dá um sentido divino a todas as actividades da vossa vida, tornando-as benéficas para vós e para todas as criaturas do mundo.
Este trabalho é que vos irá ajudar, apoiar e proteger.
Regra geral, as actividades profissionais das pessoas só mexem com elas superficialmente; ir à fábrica ou ao escritório, trabalhar num laboratório, fazer política, tratar de doentes, ensinar crianças... está tudo muito bem, mas isso não pode despertar as forças que o Criador nelas depositou, a não ser que ao mesmo tempo, por intermédio do pensamento, elas façam um trabalho que toque as raízes do seu ser.
Aprendei a fazer este trabalho que dará resultados infinitos que ninguém poderá tirar-vos, pois é um trabalho que realizais em vós mesmos, lá onde ninguém tem acesso.
Mesmo que tenhais uma profissão extremamente importante e interessante, começai também este trabalho interior, que dará um sentido a tudo o resto.
Continuai com a vossa profissão, mas fazei este trabalho, pois ele é o único susceptível de vos melhorar profundamente e de dar gosto a todas as vossas actividades.
Senão, pouco a pouco perdereis o gosto pelas coisas, e perder o gosto é a maior das infelicidades!
Por isso vos digo, com toda a franqueza, que para mim nada mais conta além deste trabalho, que podemos fazer todos os dias e graças ao qual acabaremos por remexer todo o Universo.
Vou dar-vos uma imagem.
Estais à beira-mar e divertis-vos agitando a água com um pauzinho: ao fim de uns instantes aparecem algumas palhinhas, depois umas rolhas e a seguir um pedacinho de papel que começam a girar em círculo.
Vós continuais e alguns barquinhos também entram nesse movimento.
Vós continuais... continuais... e pouco depois já arrastastes os grandes paquetes e por fim o
 mundo inteiro!
É apenas uma questão de continuação.
Interpretemos esta imagem.
O ser humano também está mergulhado num oceano, o oceano etérico, cósmico, mas não sabe que movimentos deve fazer para influenciar o seu meio e obter resultados.
Pois bem, esses movimentos são justamente o trabalho de que eu estou a falar.
Quando meditais, orais, comeis, vos lavais ou passeais, podeis aproveitar cada uma dessas actividades para vos tornardes mais puros, mais luminosos, mais inteligentes, mais fortes e mais saudáveis.
Há tantas ocasiões em que podeis acrescentar, pela palavra e pelo pensamento, um elemento susceptível de vos trazer melhorias, a vós e a tudo o que vos rodeia!
Com o tempo, uma melhoria interior acaba sempre por produzir também melhorias exteriores.
Portanto, é isto: o trabalho é que conta e, depois de ter descoberto o verdadeiro trabalho, o discípulo nunca mais pára.
Eu recordo-me de que, era eu ainda muito novo, o Mestre Peter Deunov tinha o hábito de me repetir estas três palavras: «Rabota, rabota, rabota.
Vrémé, vrémé, vrémé.
Véra, véra, véra.»
Isto quer dizer: o trabalho, o trabalho, o trabalho; o tempo, o tempo, o tempo; a fé, a fé, a fé.
Ele nunca me explicou por que é que repetia estas três palavras, mas durante anos aquilo preocupou-me e eu compreendi que ele tinha condensado nelas toda uma filosofia, que é a seguinte: é necessário o trabalho, mas também a fé, para desencadear e continuar esse trabalho, e sobretudo o tempo.
Sim, é preciso tempo!
Não deveis julgar que tudo vai realizar-se de repente.
Agora sei o que é «vrémé»: os anos passaram e eu constacto que «vrémé» é algo muito importante!
E o trabalho?!...
Quanto há ainda a dizer sobre esta palavra!
É claro que os humanos trabalham, fazem uns trabalhinhos para ganhar a vida, mas isso não é o verdadeiro trabalho.
Eles semeiam, transpiram, cansam-se e julgam que trabalham porque têm uma ocupação para garantir o pão de cada dia.
Não, eles ainda não começaram, pois o trabalho, tal como os Iniciados o compreendem, é a actividade de um ser livre, é uma actividade nobre, grandiosa.
O trabalho espiritual subentende actividades de uma natureza particular.
Hoje eu fiz-vos entrever pelo menos três desses trabalhos, mas há muitos mais à vossa espera.
 

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