segunda-feira, 31 de julho de 2017

A ORAÇÃO

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

II
Continuação - 2

Mas aprofundemos mais ainda esta comparação: quando entrais numa cabine telefónica, fechais a porta para poder escutar e falar sem barulhos.
De igual modo, esse aposento secreto deve estar silencioso, porque não é com barulho que se faz o trabalho espiritual.
Devemos, pois, compreender que existe em todos os seres um lugar muito silêncioso em que eles devem penetrar fechando a porta atrás de si.
Fechar a porta quer dizer não deixar penetrar pensamentos e desejos estranhos à oração, senão haverá parasitas na vossa comunicação com o Céu e não obtereis resposta.
Só no aposento secreto é que a comunicação pode passar correctamente: vós falais e ouvis; dirigis um pedido ao Céu e recebeis uma resposta.
Se não conseguirdes captar o que vos dizem é porque vos esquecestes de fechar a porta ou não conseguistes acalmar o tumulto dos vossos pensamentos e dos vossos sentimentos.
O aposento secreto é, pois, um lugar de silêncio e de segredo.
Os outros não devem perceber aquilo que dizeis, como o dizeis e a quem vos dirigis.
É claro que algumas vezes não podereis impedi-los de se darem conta de que estais a orar.
Mas, quanto menos eles se aperceberem, mais valor terá a vossa oração.
Numa parábola, Jesus fala daquele fariseu que tinha subido ao templo de Jerusalém e que orava com grande ostentação...
Pois bem, toda a sua atitude mostrava que ele não se encontrava no aposento secreto.
Podemos dizer que este aposento secreto é o coração, o silêncio do coração.
Mas, evidentemente, o coração aqui não é o que corresponde ao plano astral, o lugar dos desejos inferiores, da avidez.
O aposento secreto é o coração espiritual, quer dizer, a alma.
Enquanto não se consegue chegar ao verdadeiro silêncio, não se penetrou nesse aposento.
Há tantos "aposentos" no homem!
E, de entre todos esses aposentos, muito poucas pessoas encontraram precisamente aquele em que o silêncio é valorizado.
A maioria é desviada para os outros aposentos e é lá que ora; mas como aí não há aparelhos apropriados o Céu não recebe os seus pedidos.
Portanto, não é suficiente reservar um lugar da casa para a Divindade.
Se, na verdade, quiserdes ser visitados, precisais de consagrar um lugar no vosso coração, na vossa alma, dizendo: «Este lugar é para o Senhor, ou para a Mãe Divina, ou para o Cristo, ou para o Arcanjo Miguel», porque - acreditai! - se houver um lugar para eles, eles virão.
Contudo, para que uma oração seja ouvida há que respeitar certas condições.
Porque é que, por exemplo, os Iniciados do passado ensinaram o gesto de juntar as mãos quando se ora?
É simbólico.
É porque a verdadeira oração representa a união dos dois princípios: o coração e o intelecto.
Se é o vosso coração que pede, mas o vosso pensamento não participa, não se junta a ele, a vossa oração não será recebida.
Para ela ser recebida, tem que vir do coração e do intelecto, do pensamento e do sentimento, isto é, dos dois princípios, masculino e feminino, unidos.
Em quantos quadros se representaram pessoas a orar, até crianças, com as mãos juntas!
Mas nunca se compreendeu a profundidade deste gesto.
Isto não quer dizer que para orar é obrigatório juntar as mãos fisicamente.
Não, não é a atitude física que conta, mas a atitude interior.
É preciso juntar o coração e o intelecto, a alma e o espírito, porque é da sua união que resulta a força da oração: nesse momento, projectais uma força para o Céu e o Céu, em resposta, envia-vos a luz, a paz.
Portanto, ao mesmo tempo, vós dais e recebeis, sois activos e receptivos.

Continua

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