sábado, 19 de outubro de 2013

Preferir a sensação à visão

Poucas pessoas estão conscientes dos perigos que correm ao querer desenvolver faculdades de clarividência.
Lançam-se nisso cegamente porque se trata de algo novo, original.
Sim, é tão interessante aventurar-se num domínio que está vedado à maioria dos humanos, a fim de ver aquilo que os outros não vêem!
Infelizmente para esses imprudentes, não terão de procurar muito para encontrar toda a espécie de livros que lhes proporcionarão meios para satisfazerem a sua curiosidade.

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Algumas pessoas, por exemplo, querem aprender a desdobrar-se, mas não sabem que, se não estiverem preparadas, enquanto se encontram fora do seu corpo outros espíritos entrarão nelas e apossar-se-ão do seu ser; não serão mais senhoras de si próprias e daí decorrerão imensas complicações e imensos problemas.
Outras pessoas querem agir sobre os chakras, fazendo exercícios de concentração e de respiração prolongados.
Claro que esses exercícios dão resultados, mas que resultados?
Se quiserdes despertar os vossos chakras sem ter feito estudos e um trabalho prévios, isso virar-se-á contra vós.
É exactamente como pôr uma caixa de fósforos nas mãos de uma criança. O que é que ela fará com eles?  Um incêndio.
Pois bem, é preciso saber que a força Kundalini, que se tem de activar para despertar os chakras, é um verdadeiro fogo, e aqueles que não trabalharam previamente, para se purificar e se dominar, arriscam-se a ver o fogo Kundalini atiçar-se e devastar tudo neles.  Ao passo que aqueles que começam por trabalhar para adquirir a pureza e o autodomínio, trabalham também indirectamente sobre os chakras, que despertam e começam a funcionar sem perigo para eles.
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Existe uma faculdade mais poderosa que a visão, que é a sensação.
Sim, pois para o homem, a única verdadeira realidade é aquilo que ele sente; o resto, a realidade exterior, só Deus sabe se é uma realidade para ele!
Se alguém sofre porque se crê perseguido, martirizado, tentai dizer-lhe que é uma ilusão!
Mesmo que ninguém o persiga, a sua sensação de ser perseguido não é uma ilusão.
E quando, no meio das piores condições, certos seres vivem êxtases, iluminações, como se irá persuadi-los, também neste caso, de que isso não é verdade?
O sofrimento ou a alegria que o homem sente, talvez sejam as únicas coisas de que ele não duvida.

Acreditai em mim, eu não estou aqui para vos impedir de vos desenvolverdes em todos os domínios, de obter a clarividência, o poder de curar, de profetizar, de comandar os elementos ou mesmo de transformar o chumbo em ouro, se de tal fordes capazes.
Não tenho nada contra isso.
Eu trabalho justamente para que vós avanceis tanto quanto possível no caminho da evolução, mas não como vós desejais ou compreendeis, não como lestes em certas obras antigas ou recentes que são muito perigosas.
Eu sei que a filosofia que vos apresento não será agradável nem apetitosa para vós, mas, se a levardes a sério e a aplicardes, os resultados serão divinos.

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Já é tempo de os humanos compreenderem o que é realmente uma Escola Iniciática.
Muitos ainda imaginam que é lá que obterão a clarividência, os poderes mágicos, e toda a espécie de faculdades fantásticas que lhes permitirão satisfazer os seus desejos e as suas ambições.
Não, a verdadeira razão de ser de uma Escola Iniciática é a de preparar os humanos para a realização do Reino de Deus na terra, quer dizer, para que a fraternidade exista entre os humanos.
Para fazer este trabalho não precisais de ser clarividentes nem de possuir poderes excepcionais: apenas tendes de vos tornar cada vez mais sábios, mais puros, mais generosos, mais desinteressados e mais senhores de vós próprios.

de  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  "Acerca do invisível"

Colecção Izvor
Edições Prosveta

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