quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O acesso ao mundo invisível...


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Na medida em que vivem e trabalham num plano superior ao plano físico, o plano astral, pode dizer-se que os artistas são videntes e, claro, isto é um progresso, mas só na condição de eles não estagnarem nas suas regiões inferiores; essas regiões devem ser apenas lugares de passagem; é preciso atravessá-las para ir mais alto e receber a influência do sol.
Infelizmente, muitos artistas não são capazes disso, ou se o são, não fazem nenhum esforço nesse sentido: os seus escritos, os seus quadros, as suas músicas, são expressões do plano astral inferior, a face obscura da lua.
Apesar disso, eles imaginam que põem tesouros à disposição dos humanos.
De forma nenhuma!
Eles influenciam-nos muito mal, pois não são verdadeiramente esclarecidos.
Possuem dons, talentos, é certo, mas interiormente não possuem os elementos do sol, os únicos susceptíveis de conduzir os seres através das regiões onde encontrarão a certeza, a paz, a luz.
Claro que, de certa forma, não se pode escapar a essas regiões do plano astral, pois elas existem também em nós.
Existem fora de nós, mas existem igualmente em nós.
Há o dia e há a noite, há o sol e há a lua.
Não se pode suprimir nem a noite nem a lua, mas é preferível não nos expormos demasiado à sua influência.
Há que estudar a lua, mas é preferível desconfiar daquilo que ela representa em nós em termos de filosofia, de concepção e percepção das coisas.
Procurai pois, não vos prender às formas de arte que vos mantêm num mundo crepuscular, pois elas não vos ajudarão a ver claro, não vos tornarão melhores e impedir-vos-ão de evoluir.
Claro, não se pode negar que esse mundo está cheio de seduções; mas aqueles que se deixam reter nele não podem ir mais longe, ficam impedidos de evoluir.
É esse o sentido simbólico da passagem da Odisseia em que Homero conta como Ulisses, quando navegava ao largo da ilha das Sereias, mandou tapar com cera os ouvidos dos seus companheiros, para eles não se deixarem seduzir por aquelas mulheres de voz melodiosa que os afastavam do seu caminho para os devorar.
As sereias são um dos numerosos símbolos das entidades do plano astral.
Quantos artistas se tornaram presas das Sereias!

Como Ulisses, um verdadeiro instrutor que conhece a realidade das coisas procura precaver os seus discípulos contra as armadilhas do plano astral e arrastá-los para longe, para cima, para que descubram as únicas realidades que vale a pena serem descobertas: os esplendores do mundo divino, Tiphéret, a região do sol, onde tudo se torna límpido e luminoso.

de  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

em  "Acerca do invisível"

Colecção Izvor
Edições Prosveta

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