sexta-feira, 29 de setembro de 2017

A FORÇA SEXUAL OU O DRAGÃO ALADO

II - Como substituir o prazer pelo trabalho (páginas 64 a 74)  -  Continuação - 4

O "trabalho" começa quando o homem resolve não continuar a desperdiçar as suas energias na busca do prazer, mas sim utilizá-las para fazer funcionar outros centros, em cima, no seu cérebro...
Em lugar de permitir que se desencadeiem, dentro de si, todos os turbilhões e erupções vulcânicas, ele mantém a sua lucidez para canalizar essas correntes, para as dirigir, a fim de despertar novas faculdades que farão de si um génio, um Iniciado, uma Divindade.
É deste modo, substituindo o prazer pelo trabalho, que o homem pode transformar o calor em luz.
É nesse momento que o verdadeiro prazer começa a invadi-lo: um prazer que, desta vez, não o avilta, antes o eleva e o enobrece.
Muitos dirão - claro! - que a lucidez mata o prazer.
Não, na realidade o pensamento foi dado ao homem para ele viver melhor o verdadeiro amor; sem o pensamento, a parte animal, primitiva, estenderia sobre o homem todo o seu poder.
E é precisamente o pensamento, é a inteligência através do pensamento, que deve controlar, orientar, sublimar as energias.
Se no vosso amor mantiverdes o pensamento lúcido, se ele estiver desperto e vigilante, se ele controlar e dirigir as forças, é claro que não sentireis o prazer tal como muita gente o entende, que é um prazer animal, grosseiro, sombrio, destituído de nobreza, de espiritualidade e, aliás, incontrolável; mas, graças ao vosso pensamento, podereis fazer um trabalho espiritual e, em lugar de se transformar em chumbo, o vosso prazer transformar-se-á em ouro puro, em alegria, em êxtase.
O prazer é a consequência de um acto que está em harmonia, mais ou menos, com outras substâncias, outras presenças.
Assim, se um acto estiver em harmonia perfeita com o mundo divino, o prazer que daí decorre é alargado e multiplicado até ao infinito.
Por agora, vós sentis um certo prazer, mas ele é tão grosseiro e inferior, e tereis de pagar tão caro por ele, que na verdade, não vale a pena.
Há que sentir prazer, claro, mas um prazer tão amplo e subtil que vos revelará todo o Universo, que vos tornará luminosos, belos, expressivos, poderosos e úteis!...
Um tal prazer, sim, vale a pena, e a Natureza não vos privará dele.
Portanto, meus caros irmãos e irmãs, é necessário não parar a meio caminho, mas sim ultrapassar o limite do prazer, deixar de estagnar num nível demasiado baixo: há que subir, romper as nuvens e contemplar o Sol, a luz.
Não fiqueis por debaixo das nuvens: introduzi em todos os vossos actos uma finalidade luminosa.
Seja o que for que façais - comer, passear, abraçar ou beijar alguém... -, tende por objectivo a luz.
Não façais nada unicamente para vosso prazer.
A humanidade está em decadência exactamente porque todos se deixam guiar pelo prazer.
Podeis pensar: «Mas, se não sentirmos prazer ao fazer as coisas, isso não tem qualquer sentido!»
Claro que tem, porque tudo caminha conjuntamente: desde que a luz e o calor - ou seja, a inteligência e o amor - estejam presentes, o prazer surge necessariamente.
A qualidade do prazer, a sua natureza e a sua intensidade é que mudam.
Portanto, meditai, reflecti e nunca esqueçais que o vosso amor deve transportar-vos até à luz.

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