segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A FORÇA SEXUAL OU O DRAGÃO ALADO






II  -  Como substituir o prazer pelo trabalho  (páginas 64 a 74)

A maior parte dos humanos procura o prazer, agarra-se ao prazer como se não existisse nada superior a ele.
E é aí que eles se enganam.
Eu vou demonstrá-lo, dando-vos um pequeno exemplo que remonta à pré-história da humanidade.
Os fósforos e os isqueiros são uma invenção recente e os antigos tinham várias maneiras de fazer fogo.
Uma delas consistia em servirem-se de dois pedaços de madeira que esfregavam um no outro; essa fricção começava por produzir calor e, de pois de algum tempo, de repente, saía uma chama: a luz.
Todos vós conheceis este fenómeno, mas já pensastes em aprofundá-lo, pensando que, sendo um fenómeno físico, mecânico, ele deve conter grandes verdades psicológicas que urge descobrir?
Não, constatais os factos, mas para vós eles permanecem vazios de sentido, não procurais aprofundá-los e interpretá-los.
Vejamos agora a lição que podemos tirar deste fenómeno.
Portanto, os antigos pegavam em dois pedaços de madeira e esfregavam-nos um contra o outro.
Esta fricção é um movimento, este movimento produz calor e o calor transforma-se em luz.
Movimento, calor e luz são os três lados deste triângulo de que já vos tenho falado e que representa o ser humano.
Ao movimento podemos associar a vontade, a actividade, a força; ao calor corresponde o coração, o sentimento, o amor; à luz corresponde a inteligência, o pensamento, a sabedoria.
Mas, do mesmo modo que consegue produzir a luz no plano físico, o homem também pode fazê-la jorrar em si mesmo.
Através de actos, de exercícios, ele produz um certo calor, começa a ter sentimentos; e se não ficar por aí, se souber ir mais além, poderá chegar finalmente à luz, isto é, à compreensão.
Vamos agora estudar este processo no domínio do amor.
Que fazem os humanos no amor físico?
Simbolicamente, poderíamos dizer que, tal como acontece com os dois pedaços de madeira, eles esfregam-se um contra o outro para produzir calor, ou seja, uma sensação de prazer.
Muito bem, mas por que se ficam eles por aí?
Por que é que a luz não aparece?
Por que não ficam eles iluminados?
O amor deveria trazer-lhes a luz, deveria fazê-los compreender todos os mistérios da Criação, deveria torná-los lúcidos e clarividentes!
Mas não, eles ficam é embrutecidos.
Movimento e calor - por agora, é tudo o que os humanos compreendem do amor; eles ficam a meio caminho, não vão até à luz.
Para se produzir a luz não basta procurar o prazer, porque o prazer absorve todas as energias e impede a luz de brilhar.
Portanto, é simples, é claro: não se pode parar pelo caminho, é preciso ir até ao topo, até à luz.
Evidentemente, durante o trajecto vê-se muitas coisas, coisas muito sedutoras... sim, o espelho mágico... mas, se se parar aí, jamais se atingirá a meta.
Por isso, eu digo aos amantes: vós desencadeais o movimento e esse movimento produz calor; está bem, só que agora é preciso continuar até à luz, porque a luz é a meta, o objectivo de toda a actividade.

Continua

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