OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
3º. Capítulo: - A CONSCIÊNCIA DA UNIDADE
Pensais que, quando os humanos dizem "eu", sabem realmente do que falam?
Quando eles dizem: «Eu estou... (doente ou com saúde, infeliz ou feliz), eu quero... (dinheiro, um automóvel. uma mulher), eu tenho... (tal desejo, tal gosto, tal opinião)», pensam que se trata realmente deles próprios e é precisamente nisso que se enganam.
Como nunca se analisaram profundamente para conhecer a sua verdadeira natureza, identificam-se constantemente com este "eu" representado pelo seu corpo físico, pelos seus instintos, pelos seus desejos, pelos seus sentimentos, pelos seus pensamentos.
Mas, se eles procurarem redescobrir-se pelo estudo e pela meditação, irão entender que, por detrás de todas as aparências, esse eu que procuram se confunde com o próprio Deus, pois a realidade é que não existe uma multidão de seres separados, mas um Ser único que trabalha através de todos os seres, que os anima e se manifesta neles, mesmo sem eles se aperceberem.
Enquanto não se aperceberem desta realidade, os humanos vivem na ilusão; e esta ilusão afasta-os da Fonte Divina em que todos têm origem e fá-los viverem fora desta unidade, numa multiplicidade de pequenos "eus" separados que não param de se opor uns aos outros.
Achais que esta ideia é difícil de compreender?
Vou dar-vos um exemplo.
Se as células do nosso corpo tivessem uma consciência individual desenvolvida, conforme o órgão a que pertencem - o cérebro, o coração, o fígado, o estômago, etc. -, sentir-se-iam estranhas umas em relação às outras, porque as suas funções são diferentes.
Mas, se depois estas células pudessem elevar a sua compreensão, aperceber-se-iam de que é um só ser que as abarca e as reúne a todas: o próprio homem.
Acontece o mesmo com as criaturas humanas, que representam, cada uma, uma célula do grande corpo cósmico.
Sim, o Criador é o único ser realmente existente, e todos os humanos não passam de células esparsas do seu corpo.
E estas células, como permanecem num nível de consciência bastante inferior, opõem-se, hostilizam-se.
Estes confrontos acontecem por causa da sua ignorância.
A partir de agora, é necessário que os humanos compreendam que pertencem ao grande corpo de Deus do qual representam, cada um, uma célula.
Por isso, quando eles fazem mal ao próximo pensando que ele lhes é estranho, exterior a eles, e que não sofrerão se lhe fizerem mal, enganam-se, porque existe uma ligação entre todas as criaturas vivas.
Quando fazemos mal aos outros, é também a nós que fazemos mal, mesmo que nesse momento não o sintamos.
E acontece o mesmo quando lhes fazemos bem: é também a nós que o fazemos.
Muitos verificaram que, se um ser que amam sofre ou leva pancada, é como se fossem eles a levar pancada, e se lhe acontece uma coisa feliz eles regozijam-se como se essa felicidade lhes acontecesse a eles.
Isso acontece porque, instintivamente, intuitivamente, eles entraram na consciência da unidade.
E é esta consciência da unidade que é o fundamento da verdadeira moral.
O Criador previu que, para o equilíbrio da Criação, cada criatura teria aquilo de que necessita para viver e se desenvolver.
Por isso, quando os humanos se confrontam e se destroem, trabalham contra o Criador.
Ele criou-os diferentes, mas isso não foi para eles se combaterem por causa dessas diferenças.
Todos vieram de Deus e Deus sofre por vê-los a digladiarem-se.
Muitas vezes, eles julgam-se justificados nas guerras que pretendem travar em nome de interesses superiores, quando, na verdade, são inspirados pela ignorância e pelo egoísmo.
A defesa destes interesses, desde que vá contra o interesse da Criação no seu todo, levá-los-á à ruína.
Sim, o verdadeiro interesse dos humanos confunde-se com o da Divindade.
Só a conjugação dos interesses do homem com os interesses de Deus produz bençãos para todos.
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