domingo, 28 de julho de 2013
Encontrar o equilíbrio entre o espiritual e o material
Muitas pessoas dizem: «Primeiro, vou resolver todos os meus problemas materiais, e depois estarei livre para pensar na vida espiritual...»
Mas, na realidade, os anos passaram e ei-las já velhas, gastas, sem terem conseguido consagrar um minuto à vida espiritual!
E porquê?
Porque fizeram um raciocínio errado.
Para viver a vida espiritual não se deve esperar até ter conseguido resolver todas as questões, porque jamais uma coisa está definitivamente resolvida; há sempre algo que falta algures. É exactamente como se tentásseis dar de novo a forma redonda a uma bola de borracha furada: quando conseguis suprimir-lhe a concavidade dum lado, ela forma-se do outro.
Tendes uma profissão, mas pouco depois perdeis o lugar e ficais no desemprego...
Casais, mas algum tempo depois nada corre bem e divorciais-vos...
Tendes uma casa, mas acontece alguma coisa que vos obriga a mudar para outra...
E os filhos...
Que preocupações com os filhos: a sua saúde, a sua educação, o seu futuro!
E depois dos filhos são os netos...
Digo-vos que é interminável.
Não espereis, pois, que as vossas questões materiais estejam resolvidas, para depois viverdes a vida espiritual. Tanto mais que - deveis sabê-lo também - é graças à vida espiritual que encontrareis as melhores soluções para todos os problemas que diariamente vos são colocados, porque sereis mais fortes, mais pacientes, mais sábios, mais prudentes.
Mas, evidentemente, é preciso saber respeitar os limites. se me disserdes: «Bem, agora compreendi; vou organizar a minha vida de maneira a não ter que despender mais tempo e mais energias com preocupações materiais, profissionais ou familiares», responder-vos-ei que também não deveis exagerar, porque viveis no mundo e não podeis proceder como se ele não existisse. Se vos comportardes como um insociável e um parasita, vegetareis e sereis um peso para os outros.
Pois bem, isso não é recomendável.
É preciso saber ajustar as actividades do mundo com as da vida espiritual. É um equilíbrio que todo o ser humano que quer evoluir deve encontrar: saber viver no mundo, relacionar-se com ele, mas dando o primeiro lugar ao essencial: a alma e o espírito
É pela sua maneira de ajustar estes dois aspectos - o material e o espiritual - que cada um revela o seu grau de evolução, e nada é mais difícil.
Uns são tentados a afundar-se na vida material esquecendo a vida do espírito, e outros a não se ocupar senão da vida do espírito, negligenciando a vida material. Mas existe uma terceira solução, e é essa que cada um deve encontrar para si, porque cada um é um caso particular.
No fundo, evidentemente, todos os seres humanos possuem a mesma natureza, têm as mesmas necessidades, mas o seu grau de evolução não é o mesmo, o seu temperamento não é o mesmo, a sua vocação nesta existência não é a mesma, e cada um deve encontrar individualmente o seu equilíbrio, sem querer imitar o vizinho.
Quem se sente impelido a fundar família não pode resolver a questão como quem prefere ficar solteiro. O que tem necessidade de muita actividade física não pode levar a mesma vida que o que tem um temperamento meditativo, contemplativo.
O essencial é que cada um seja capaz de se analisar bem, a fim de conhecer as suas tendências profundas; depois, conhecendo-as, deverá esforçar-se por equilibrar, na sua vida, o espiritual e o material.
Omraam Mikhaël Aïvanhov
em " O Espiritualista na Sociedade"
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