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Ao invés da matéria, o espírito irradia, projecta.
Em vez de acumular e guardar, ele dá.
É por esta razão que ele é representado por um ponto, e o círculo é grande porque recebe o que o ponto dá.
A matéria é rica porque recebe as riquezas do espírito.
Tudo o que o espírito possui passa para a matéria que, com isso, é transformada, espiritualizada.
Vós direis: «Mas então o espírito perde tudo!»
Não, porque ele vive na matéria que recebeu a sua riqueza, portanto, não perdeu nada.
E esta lei é a mesma para todos os seres que sabem verdadeiramente dar.
Aquele que dá é que aproveita, pois passa a viver em todos aqueles que beneficiaram do que ele deu.
O seu espírito está neles.
Por isso, todos aqueles que pensam ter-se aproveitado de alguém são habitados, na realidade, por aquele que lhes deu, é ele que se manifesta através deles.
O ponto irradia, o seu movimento é rectilíneo; é esse o movimento da electricidade, do princípio masculino (o intelecto, o espírito).
O movimento do magnetismo, do princípio feminino (o coração, a alma), pelo contrário, é circular.
Os raios repelem e dão, o círculo atrai e capta, recebe.
Para se manter o equilíbrio, ambos são necessários: há que ser, pois, um círculo com um ponto central.
A alma e o coração são representados pelo círculo.
O espírito e o intelecto são representados pelo raio que sai do ponto central.
O ponto e o círculo são também o amor e a sabedoria.
Aquele que só tem amor, ainda não encontrou o ponto: está disperso por todo o lado.
Aquele que tem somente a sabedoria é um ponto sem círculo à sua volta; é orgulhoso, está só, é como um chefe sem soldados, sem exército para comandar.
Os astrólogos representaram o Sol por um círculo com um ponto central, e podemos observar que esta figura se encontra por toda a Natureza, desde o sistema solar até ao átomo.
Estudemos a célula: ela é composta por um núcleo, uma substância que circunda o núcleo, denominada citoplasma, e por uma membrana periférica.
Pode dizer-se que o núcleo é o espírito; o citoplasma, o espaço onde circulam correntes, energias, é a alma; e a membrana é o corpo físico, a casca.
Reparai: na estrutura dum olho, dum fruto ou duma árvore, encontrais estas mesmas três divisões - o espírito, a alma e o corpo.
Entre o ponto central e a circunferência estende-se um espaço e nesse espaço, que é limitado,
circula a vida..
A existência desse limite é muito importante.
Diz-se que, antes de criar o mundo, o Eterno traçou os seus limites.
Porquê?
Para que as forças sejam concentradas no interior desses limites, para que elas não se dispersem.
E foi dentro desses limites que Deus começou o trabalho da Criação.
O Universo não é infinito, tem limites.
Somente o Absoluto é ilimitado e não se sabe o que Ele é.
Mas o Universo tem limites; a partir do momento em que Deus se manifestou através da Criação, limitou-se, e o Universo que Ele criou é limitado no tempo e no espaço.
Mesmo que existam vários Universos, cada um está encerrado dentro de limites determinados, e é no interior desses limites que a vida se manifesta.
Um Universo que perdesse os seus limites reentraria no Eterno e tudo desapareceria...
É necessário, pois, um limite para que os materiais e as energias não se escapem e possam entrar na construção e na organização dum ser vivo.
Observai um ovo: se ele não fosse limitado por uma casca, toda a vida se perderia e nunca haveria pintaínho.
É necessária, pois, uma protecção.
Para o ovo é a casca; para a árvore é a crosta; para o homem é o corpo físico: o corpo físico serve de invólucro à alma e ao espírito.
Se os materialistas tivessem o verdadeiro dom de observação e de analogia, teriam visto que todo o Universo prova a existência da alma e do espírito.
Mas, como não observaram convenientemente, eles só viram o corpo e negam a alma e o espírito.
Detiveram-se na crosta, no que é visível, e pensam que isso é tudo.
Mas, a alma e o espírito, onde é que estão?
Considerai um homem: ele vive, pensa, escreve, fala, ama, cria, destrói...
Mas um belo dia tudo pára, ele não faz mais nada.
O que é que se passou?
Não lhe falta nada dos membros e órgãos que possuía quando era vivo, no entanto está morto,
já não se mexe.
Por conseguinte, ele era animado por algo invisível, que era a causa de todos os seus movimentos, de todos os seus pensamentos, de todas as suas acções: o centro, justamente.
Meditai frequentemente sobre este símbolo do círculo, pois ele contém tudo.
O que é o centro?
É o espírito, o espírito de Deus.
E o que é o círculo?
É o espaço, é a matéria, a Mãe Divina.
Estudai o círculo e compreendereis todo o mistério das relações do espírito com a matéria.
Por certo conheceis esta definição que se deu de Deus: «Uma esfera, cujo centro está em toda a parte e a circunferência em parte alguma.»
Isso prova que, num círculo, só existe realmente o ponto central: o Senhor que vivifica o círculo,
o Universo.
Continua