O trabalho espiritual é um trabalho sobre a nossa própria matéria.*
Quando decidimos realizar este trabalho, separamo-nos inconscientemente de nós próprios e, à medida que o prosseguimos, a separação torna-se mais consciente.
Vemos cada vez mais a diferença entre a parte que faz o trabalho, o espírito, e aquela que é objecto desse trabalho, a matéria.
Acabamos mesmo por aperceber-nos de que os pensamentos e os sentimentos graças aos quais realizamos o trabalho, não passam de instrumentos ao nosso serviço, compreendemos que o nosso verdadeiro eu está para além dos pensamentos, dos sentimentos e das acções.
Mas distanciar-se de si mesmo não significa que se deve partir definitivamente.
Não abandonamos o eu do qual nos afastamos; pelo contrário, temo-lo sempre bem em vista e, depois de nos termos elevado até ao Céu pelo pensamento, descemos novamente para melhor o orientarmos e refinarmos a sua matéria.
Afastamo-nos novamente, voltamos a aproximar-nos e, de cada vez que o fazemos, trazemos-lhe mais força e mais luz.
* Ver cap. XI
Do homem a Deus - Séfiras e hierarquias angélicas
Colecção Izvor
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